CONHECA QUEIJARIA DO TON: UM EXEMPLO DE DEFESA DO QUEIJO COALHO ARTESANAL NO CEARÁ

O queijo Coalho ou “queijo de coalho” é um produto lácteo típico da região Nordeste do Brasil, onde é elaborado de leite cru há mais de 400 anos. Este queijo representa a cultura, história e gastronomia da região Nordeste.

Fazendo parte dos hábitos alimentares da população do Nordeste, o queijo Coalho artesanal destaca-se como um ingrediente importante de diversas iguarias típicas da região Nordeste, como o baião de dois, o mungunzá, a tapioca, a pamonha, espetinho de queijo Coalho e tantas outras iguarias que são servidas em bares, restaurantes, hotéis e nas praias na forma de espetinho.

A fabricação do queijo Coalho artesanal demanda grande volume de leite e envolve uma parcela considerável de pequenos e médios produtores familiares para os quais esta atividade econômica representa fonte de renda e trabalho no campo.

O município de Jaguaribe está localizado à 308 km de Fortaleza e tem a tradição na produção de queijo Coalho de qualidade. A fabricação de queijo e derivados é a principal atividade econômica deste município, que detém a segunda maior bacia leiteira do Estado do Ceará.

Neste contexto, apresentamos aos nossos leitores o Laticínios ou Queijaria do TON, localizada na zona rural do município de Jaguaribe-CE, gerenciada por Eberton Nogueira, mais conhecido por TON e seu pai, Francisco Nogueira, mais conhecido por Neto do Brum.

LOCALIZAÇÃO DA QUEIJARIA

Fica localizada na zona rural à 36 km da sede do município de Jaguaribe-CE, na BR- 116, conhecida como Sítio do BRUM.

Paisagem da localidade sítio do Brum, Jaguaribe-CE. Foto crédito: Eberton

História da Tradição Queijeira na Família

A história da tradição queijeira na família Nogueira, começou com a bisavó do Eberton Nogueira, a Sra. Cecília Nogueira de Almeida, em 1909. Ela passou a tradição para sua filha, Sra. Valdete (avó do TON), que por sua vez passou a receita do queijo Coalho para o Neto do Brum (pai do TON), que mantem a receita tradicional do queijo Coalho artesanal por décadas e agora o filho Eberton tenta preservar a tradição queijeira na família.

Árvore genealógica da família Nogueira – Foto: Família Nogueira
Arturzinho e Eberton (Ton)
Foto crédito: Eberton

Segundo Eberton que faz parte da quarta geração queijeira, ele começou fazendo queijo no puxadinho (alpendre) na casa de sua avó, a mando do seu pai, Neto do Brum. Portanto, sua bisavó, avó e pai vem transmitindo esta tradição queijeira na família, desde 1909 e hoje é uma referencia no estado do Ceará.

Quatro gerações no aniversário da Sra. Valdete (12.fev.) – Foto crédito: Eberton
Câmara Frigorífica do Laticínios do TON
Foto crédito: Eberton

Atualmente, o Laticínios TON processa no período de chuva (inverno) de 2.300 a 2.400 litros de leite por dia e no período seco (estiagem) de 1.600 a 1.800 litros por dia. Portanto, no período de chuva a disponibilidade de pastagens nativas é abundante e por consequência aumenta a produção de leite e queijos no Ceará.

As raças de vacas leiteiras predominante são girolando, gir leiteiro, holandesa e raças mestiças que se alimentam no período de chuva, de capineiras, ou seja, capim braquiária e capim elefante e também de ração verde nativa. Enquanto, no período seco as vacas leiteiras são alimentadas principalmente de silagem e ração de milho, sorgo e soja.

Embalagem a vácuo do queijo. Foto crédito: Eberton

A queijaria do TON não é autossuficiente de leite e depende de 5 a 6 fornecedores. Mas tem planos para no futuro próximo ser autossuficiente da matéria prima de qualidade.

O destino dos queijos artesanais do Laticínios TON são os mercados de São Paulo (cerca de 40% produção), Icó e Jaguaribe (Ceará), Fortaleza e Maranhão. 

Queijo Coalho Artesanal do TON. Foto crédito: Eberton

De acordo com Eberton, o trabalho do produtor de queijo Coalho artesanal no Ceará deveria ser mais valorizado e renumerado. Na sua opinião não é justo manter uma receita tradicional do produto artesanal há mais de um século e não ser recompensado financeiramente no mercado local. Hoje por exemplo (fev.2023) enfrentamos uma queima de preços, ou seja, uma crise nos preços do leite e dos produtos lácteos no estado do Ceará. Na opinião do TON este é o maior problema enfrentado pelo produtor de queijo Coalho artesanal no Ceará. 

Finalizando, o produtor artesanal Eberton dá uma dica para quem deseja produzir queijos artesanais no Brasil, ou seja, a pessoa precisa ter muita paixão pelo que faz, vocação e vontade de vencer, pois a atividade queijeira requer muito trabalho do produtor. Mas com trabalho, paixão pelo negócio e qualidade dos produtos se consegue atingir os objetivos e clientes satisfeitos, conclui Eberton.

Agradecemos a gentileza dos produtores Neto do Brum e Ton por nos conceder a entrevista e as fotos, que tornaram possível esta matéria para nossos leitores do Brasil e do exterior.

Como usar o WhatsApp Web (GUIA RÁPIDO)
Queijaria do TON: 55 (88) 9777-5600

13 comentários em “CONHECA QUEIJARIA DO TON: UM EXEMPLO DE DEFESA DO QUEIJO COALHO ARTESANAL NO CEARÁ”

  1. Olá, poderiam me informar onde os produtores da região compram seus ingredientes (cloreto da cálcio, coagulante, etc)? Há alguma venda que concentra esses produtos? Obrigada

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    • Meu amigo, este site não comercializa queijo coalho em varejo e nem no atacado. Nós indicamos alguns produtores artesanais que comercializam seus produtos. Nosso objetivo é DEFENDER e VALORIZAR o QUEIJO COALHO ARTESANAL DO NORDESTE DO BRASIL.
      Abraços e obrigado por acessar ao nosso site.

      Prof. Fernando Mourão
      Fortaleza-CE.

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  2. Boa noite!
    Engraçado, Klaus, vi essa reportagem agora, que nem você, que não perdeu tempo para comentar!
    Foi muito interessante e bem feita, a reportagem, amo esse queijo com casquinha, que não é comum a gente encontrar, meus tios faziam assim, deixavam apurar; gosto muito de queijos, hoje mesmo, estive em um supermercado de Petrolina-PE, vendo os queijos vendidos lá, os queijos do Sudeste predominam, principalmente os produzidos em Minas.
    Vou ficar aguardando a resposta da sua pergunta, fiquei curiosa.
    Um abraço!

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