Queijo Coalho artesanal de Tauá-CE. Parte 1 – A comunidade de Tiasol

Iniciamos hoje uma série de três matérias sobre o Projeto de Melhoria da Qualidade do queijo Coalho artesanal de Tauá-CE, dando especial atenção aos trabalhos realizados pela EMBRAPA Agroindústria Tropical, sob a coordenação do pesquisador Dr. José Carlos Machado Pimentel.

Onde fica a cidade de Tauá? Tauá está localizado na região dos Inhamuns, a 337 quilômetros de distância da capital cearense, Fortaleza, o acesso sendo feito através da BR-020. É o segundo maior município cearense em área territorial, inserido totalmente no bioma da caatinga. Sua colonização remonta ao século XVIII. No censo realizado pelo IBGE em  2017, a cidade de Tauá contava com 58.119 habitantes. 

Vamos relatar o trabalho desenvolvido pela Embrapa Agroindústria Tropical (período de 2008 a 2010) no município de Tauá, que é bastante conhecido pela produção de queijo Coalho, uma atividade econômica tradicional e fortemente enraizada na agricultura familiar. Na comunidade de Tiasol, distante cerca de 20 km da sede do município, tem na produção do queijo de coalho uma de suas principais fontes de renda.

O problema, segundo o presidente da Associação local, Reinaldo Gonçalves, é que muitos agricultores estavam desistindo de produzir o queijo, por causa das dificuldades enfrentadas na comercialização. O queijo é adquirido por um valor muito baixo pelos atravessadores, que chegam a revender o produto lácteo em Fortaleza, por até o dobro do preço.

Foi neste contexto, que a Embrapa Agroindústria Tropical, em parceria com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), deu início em 2008 a um projeto de melhoria da produção do queijo Coalho de Tauá. Uma unidade didática de processamento e armazenamento de queijo Coalho foi então instalada em Tiasol, em frente à Associação. 

O espaço foi erguido pelos próprios moradores e dispõe de sala de recepção, de etiquetagem e de armazenamento do produto acabado (queijo). O soro do leite, que antes era subaproveitado, agora ganhou novo destino, na produção do queijo Ricota e bebida láctea. Tudo isso dentro dos padrões exigidos pelas normas sanitárias e legislação vigente. 

Segundo o pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, José Carlos Machado Pimentel, um dos coordenadores do projeto, o objetivo principal é “que essa mesma organização possa ser reproduzida pelos produtores em suas casas”. “O foco do projeto são os jovens, para que possam criar seu próprio negócios no local em que vivem”, finaliza Pimentel. 

Os resultados do projeto podem ser contabilizados como a formação de duas turmas de alunos, totalizando 36 pessoas, em curso de Boas Práticas de Fabricação (BPF). Além do Certificado, os alunos receberam um Kit de fabricação, com todo o material necessário para a produção de queijos artesanias, com qualidade e higiene. O curso de BPF foi ministrado, na época, pela Professora Benemária Macedo, da Universidade Estadual do Ceará (UECE). 

Além disso, os bons resultados alcançados podem ser avaliados, através do depoimentos das pessoas envolvidas, como da Aldejane Gonçalves, que só produzia doce de leite e depois que aprendeu a fazer queijo Coalho, com aplicação de BPF, aumentou em mais de 100% os ganhos da família. “Antes, não sabia nem pra onde ia (em relação à produção do queijo Coalho). Hoje, o rendimento dobrou”, diz Aldejane. 

Além da melhor perspectiva financeira, o presidente da Associação de Tiasol ressalta ainda o maior envolvimento dos membros mais novos da Comunidade de Tiasol com a atividade de produção de queijo Coalho desenvolvida  pelas gerações anteriores. “Os jovens estão mais interessados, se integrando mais….falta a gente se organizar para colocar nosso produto no mercado sem ter de passar pelo atravessador”, avalia Reinaldo Gonçalves.

Fonte: Revista Agroindústria Tropical, Fortaleza/CE, abril/Jun 2009, No.130.

Nota: Comemoramos hoje o lançamento do centésimo Post no nosso site. Só temos a agradecer aos leitores e leitoras que nos acompanham. Muito obrigado!